quarta-feira, 10 de junho de 2009

Muito, Prazer!

Quanto de prazer é possível tirar de uma experiência? Acho que muito mais do que a maioria das pessoas esperam. Aprendi que o prazer sensorial é a base de toda experiência prazerosa mas que ela pode ser maior quanto mais significado ela tiver para a pessoa.

Por exemplo, fazer sexo é sempre bom, mas fazer sexo com afeto é melhor. E, sexo com afeto mais a intenção de fazer filho é muito melhor. Por isso, esse último é mais raro! O gozo é o mesmo mas o prazer é muito maior.

Outro exemplo, um copo de um bom vinho é sempre gostoso. O mesmo copo de vinho acompanhado de uma pessoa querida é melhor. Mas um copo de vinho com uma pessoa querida e conhecendo as condições da safra, a região de origem e sua composição permite saborear nuances que um paladar ignorante jamais alcançaria.

O mesmo copo, pelo mesmo preço mas com muito mais prazer.

Dissociar prazer do seu significado faz com que a gente perca o melhor da festa. Pelo simples fato do ser humano ter sido feito com outros corpos além do físico. É uma pena que esta dissociação tenha se tornado mais freqüente na sociedade
contemporânea.

Parece uma ironia que a luta pelo direito ao prazer sem culpa, uma bandeira preciosa da minha geração, acabou por empobrecer a própria experiência que tanto defendemos.

Porque a idéia original era integrar o corpo com a cabeça, coisa que o rock’n’roll fez lindamente quando a pélvis do Elvis escandalizou os anos 50 do século XX. Foi tão revolucionário e agressivo que as transmissões de seus shows na TV cortavam sua imagem da cintura para baixo.

Conseguimos liberar o corpo mas ainda não estamos conseguindo integrá-lo com a cabeça. Parece que cada um foi para um lado, com sérios prejuízos para os dois.

Acho que está na hora de integrar o corpo alienado com a cabeça consciente. Porque o corpo alienado e ignorante dominado pela busca do prazer sensorial indiscriminado acaba por se destruir como nos ensinou a AIDS. E a cabeça consciente sem o corpo como instrumento de realização fica improdutiva e acaba entrando em profunda depressão. Estão aí duas doenças modernas: a AIDS e a depressão.

Acredito que essa integração vai acontecer quando as pessoas aumentarem seu
desejo por prazer.

O prazer é mestre porque aponta o caminho da satisfação e da realização. O que precisa é ampliar a consciência para poder tirar mais do mesmo. Consciência sobre a sua própria identidade para saber para que serve e o que fazer de sua vida. E consciência sobre sua circunstancia para saber o que fazer para cumprir o seu destino.

O corpo já encontrou os seus limites. E o prazer sensorial no limite do corpo é pequeno demais perto do potencial que nós humanos temos para viver e realizar. Lembro da heroína que deu nome ao filme mais tesão da minha geração- Emanuelle - que precisou esgotar todo o potencial sexual do seu corpo para estar pronta para o amor.

Pode ser que isso esteja acontecendo no nosso processo civilizatório. Tomara.

Ricardo Guimarães.

Nenhum comentário:

Postar um comentário