segunda-feira, 11 de maio de 2009

o que o tempo diz para os meus olhos



o tempo, navegando por meus olhos
desbotou a nuvem cinza que eles viam quando ainda grumete de meu barco
aprendia sobre o leme do destino.
felizmente, os meus sonhos de menino
irrigados pela chuva dos meus prantos não morreram nem viraram desencanto
e a mágoa – muita mágoa, choveu tanto! -
não fez germinar ervas daninhas.
se doeu? ah, doeu de não ter jeito...
mas meu peito aprendeu a ler direito
as mensagens que traziam as entrelinhas
na surpresa espantosa dos milagres
que surgiram a cada instante no caminho.
hoje, mesmo o prata dos cabelos
não me traz mais o medo da velhice.
nem o corpo, utilizado pelos anos
realizando travessuras bem mais lento
me impede de estar no meu momento
como o vento na carona de uma brisa.
o fracasso, este sucesso disfarçado
que me recria em outras tentativas
há muito não me soa resultado
e sim indicador de alternativas.
não estou cansado, somente ritmado
num bolero calmo e apaixonado
para gozar cada minuto integralmente.
sei que Deus, a quem julgava preocupado
em ver o cosmos girar maquinalmente
como um grande relógio meio atrasado
correndo atrás de um tempo elaborado
para ser e acontecer pontualmente,
na verdade está mais interessado
em ter na criatura não um criado
mas sim um co-autor, impulsionado
para crescer, sempre e eternamente
rompendo seus limites, planejados
para que possa, os quebrando continuamente
compreender que sua meta é ultrapassá-los
e descobrir o inconcebível que há em frente.
sei também que este Deus, inexplicável
na força de seu amor inexprimível
foi tão longe que tornou quase impossível
para o homem não tocar o inatingível
mesmo quando sequer creia em sua existência.
porque a essência, seja ela Deus ou acaso
leva o espírito, seja este alma ou mente
a apenas sendo bom se sentir vivo integralmente
a somente perdoando perdoar-se plenamente
e a só por ter a aurora aceitar haver o ocaso.
por isso eu, mesmo crendo plenamente
e o que não crê, ou quem crê diferencialmente
em outra forma de comando onisciente
- talvez exista uma para cada um da gente -,
somos todos condenados ao infinito,
ao mistério, ao fascínio, ao encantado,
à maravilha do silêncio após o grito
que ao dizer ”seja” nos fez, e ao dizer “dure” deu vez
a cada ser, a cada ver, a cada atrito
que nos polindo põe em nós um brilho aflito
querendo brilhar mais, voar no próprio mito,
purgando seus delitos, e livre de detritos
mostrar que o homem pode, isento de conflitos
ser tão bonito como um raio de esperança
que quando estivermos prontos vai chegar
e nascendo da consciência que já avança
implantar a necessidade da mudança
saudando o mundo com seus olhos de criança
e se espalhando como um canto pelo ar...

(...) por Bianca Turner
de Hugo Leal

2 comentários:

  1. não havia chego a hora ainda, de eu ler isso.
    acabei de ler...
    silêncio.

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  2. vou te mandar mais.....
    saudades imensas.
    parabens pela abertura do show do monobloco. eu soube e fiquei em conexao,,,, querendo estar la com vc!!!!!!
    animal!!!!

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