terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Instantes estantes

numa fase nova de vida, me vi arrumando meu novo quarto bem menos obliquo que o quarto que papai me deu. tem uma prateleira pronta para receber novos troféus, mas que hoje ainda estão 100% ocupadas com a causa da vitória. roupas... sapatos... terços... patuás.... relógio... despertador.

nessa onda desencachotei e me vi foleando (momento guimaraes rosa: folear, de tocar o fole... sanfonar. mesmo que safadeadamente) uma pasta antiga com milhares de poesias, letras, desenhos, indagações.... 2004, 2005, 2006... nossa quanta intensidade.

me senti um garoto louco... do tipo menino maluquinho... o mesmo que eu amava de ler quando criança. me fortaleci em esperança e busquei nas gavetas cerradas as histórias, duvidas e porques daquelas reflexões....

tanta poesia... tanta ingenuidade... tanta moleza-prazeirosa... com cheiro de pós chuva, um sol de brilho primeiro. fiquei estático pensando se poderei daqui alguns anos olhar pra tras e me ver nesse fungado-machucado tão vivo como me senti ao ler os ainda papéis feitos de madeira.

será que vale desafiar o coração a sentir uma nova vibração, mesmo que ele não entenda o compasso? e a pergunta ganha asas e eu saio da caixa e pergunto: Será que eu vou saber se devo ou não insistir? Será que a força desta boa e saudável relação é o suficiente? será que preciso mesmo flutuar e sair do chão?

minhas prateleiras não cabem troféus...
estão cheias de papéis em branco com instrumentos de escrever.
não sei se consigo carregar sem porque... mas sinto vontade de me surpreender.

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